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tudo nosso,nada nosso!

sábado, 11 de junho de 2011

Mais do que amigos - single #diadosnamorados

Sabe aquela amiga de infância, a sua companheira de escola, a sua vizinha? E se vocês fossem apaixonados um pelo outro? E se você reolvesse se declarar pra ela?
Quer saber do que eu tô falando né?
Então clica!
J.Ghetto - Mais do que amigos.mp3

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Jota Ghetto - Arnon Função - download

Confira mais um single que integra o disco DINAMIKROPHONIA

A track Arnon Função abre o disco de Jota Ghetto, mostrando pro mundo o cotidiano do bairro Arnon de Mello, bairro que dá nome à faixa e é tema de uma das várias tattoos do MC. Mistura de MC e raggaman na levada, deixa pronto o clima para um pião, seja lá qual for o dia e a hora.

Para baixar o som clique aqui, e aumente o volume!

Cabelos, radicalismos e ismos

Eu jurei que o próximo post não seria um texto. Mas estava vendo umas fotos e me veio toda uma lembraça sobre cabelos, sobre os meus, que foram grandes por um tempo e o contexto deles.


Já me disseram que meu cabelo é ruim, mas cabelo ruim é de quem tem calvície, já que os fios não param no couro cabeludo. E meu cabelo não fez nada pra ninguém pra ser chamado se ruim.


Outras pessoas, mais pretas que eu, dizem que meu cabelo é bom, deve ser porque ouviram de alguém que o cabelo delas é ruim.


Podia ficar horas falando sobre cabelos e o que eles representam em cada lugar, mas a curiosidade minha no momento é de mulheres negras, extremamente radicais, que enaltecem o orgulho de ser negra e o etecetera de discursos de Fidel, e tem os cabelos alisados.

Quase esqueci da trilha sonora, foi mal rapa.




Não é meio contraditório uma mulher negra com um discurso pautado em panafricaniso ter os cabelos artificialmente parecidos com o de uma mulher branca?
Ou o orgulho negro vai só até a testa e eu não sabia?
Vão dizer, você é radical, eu sei.
Eu entendo o contexto histórico em que o cabelo-de-preto se encaixa, mas se essas mulheres em questão têm uma bagagem, de militância inclusive, soa incoerente que usem penteados de uma cultura étnica diferente.
Eu era, hoje não mais, radical.
Façam o que bem entenderem com os cabelos, mas tratando o assunto com tanta firmeza no discurso, como elas fazem, repito, soa-me INCOERENTE e como um calcanhar de Aquiles, para quem quiser quebrar qualquer discurso delas, sem direito à réplica.
Então acho bom, respeitarmos, principalmente, as diferenças, já que nossos olhos nos mostram que não somos iguais e que temos que viver, conviver e ,para os radicais, suportar. Rever os discursos, ou parar de discursar o que não faz para que os penteados se tornem, tanto para mim, como para outros homens, motivo de bronca, caso a gente não perceba que ela foi ao cabeleireiro.

A Praça

Na praça havia um anão que, ao assoviar, chamava todas as pombas que estivessem por perto. Em razão disso, a praça ganhou um pombal e popularizou-se como A Praça dos Pombos.

Havia mesinhas na praça, onde de dia se reuniam idosos e a noite os casais de adolescentes.

Vinte anos depois, quase não há pombos, há uma placa de ferro enferrujado que, segundo algum pau-no-rêgo-que-diz-que-é-artista, homenageia uma atleta nascida na cidade da praça e um iglu amarelo que algum outro pau-no-rêgo-que-diz-que-é-projetista cismou de colocar lá na praça para que os mendigos deixassem seus dejetos.

Em dias úteis ela se comporta como um espaço normal, travessia segura de uma rua para outra, algumas crianças e as margaridas, as moças que varrem as praças da cidade. A noite encontram-se os emos, homos e pilotos de carrinhos de controle remoto.

De segunda à quinta.

De sexta há algo parecido com a minha concepção do que é o inferno. Crianças, crianças mesmo, usando todas as substâncias que se pode imaginar que altere o estado de consciência, bradando bobagens sexuais e exibindo-se em poses pornográficas, diria.

Como se não bastasse a cena, o filme tem trilha sonora.


O Funk.



Como se não bastasse ter trilha sonora, ela é alta.
Como se AINDA não bastasse ser alta, ela é de alguma maneira assegurada e monitorada por autoridades da cidade, o que me soa completamente absurdo, a não ser que eu tenha acordado em outro Brasil.

No meu conhecimento leigo sobre cidadania, autoridades competentes e cidadãos cientes de seus direitos e deveres são encumbidos de trabalhar para e com a comunidade, mas estes que presentes estão nas noites de sexta nessa praça parecem não perceber que as pombas sumiram e deram lugar à alunos foragidos da noite de aula loucos de qualquer coisa.


Para mim a questão toda é simples, bastava ser assertivo, menos hipócrita e ver que o que acontece ali não traz lucro, benefício ou bem-estar real para ninguém que está ali. Resultado disso é que as "novinhas" dali vão ficar loucas de bebida ou algo mais, vão engravidar, abortar ou virar mães solteiras, os "moleques piranha" vão virar pais de filhos que eles sequer visitam.

Daqui a 20 anos, sendo otimista, eles retornaram às mesmas aulas que cabularam para acabar o supletivo. Repito, sendo otimista.

Eles agem exatamente como os pombos que o anão chamava, e o assovio é o som que diz para elas ficarem caladinhas e ter o "direito de quicar".

Tudo isso em praça pública.

Só vendo mesmo.
 
Só resta a saudade do anão que chamava as pombas pelo assovio.

Alguns pensarão que sou demagogo ou hipócrita, mas não acho certo, não foi assim que eu aprendi. E não estou disposto a desaprender.

sábado, 4 de junho de 2011

Jota Ghetto - DINAMIKROPHONIA siga @Jotaghetto



Previsto para julho de 2011, a segunda edição do EP DINAMIKROPHONIA.
Segunda-feira tem surpresas, por aqui! Aguardem!
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Crianças têm direito à criancice(?)

Há muito que não tenho contato com crianças, principalmente as minhas, meus sobrinhos.
Muita aposta em números errados por esses cassinos e templos que se mostram prostíbulos me fizeram afastar daqueles pimpolhos. Julia, Luca, João Victor, Maria Sophia, meu xodó de nome Marcus Vinícius, Letícia e a benção de risada contagiante, batizada Raphaela.

Três deles estão prestes a conhecer as felicidades, dissabores e tudo o que a puberdade traz de tabela. Os outros, mais novos são crianças ainda, no mundo de hoje, coisa rara de se ver, observando os mini-boleiros e as meninas que mal tem seios e exibem decotes tirando fotos no espelho e vivendo intensamente a vida do defasado Orkut.
Vendo como essa minha patota se comporta, lembrando do Luca se divertindo a valer com os fantoches do Cocóricó quando bebê, o João Victor tentando roubar uma colheradinha de farofa pronta da irmã gêmea, Marcus e seus animes, penso que talvez não seja pedir demais à Deus, independente de crenças, aos pais e até mesmo a essas crianças que vivam como crianças? É realmente necessário passar por experiências sem a maturidade apropriada para tal?
Vi no perfil de um amigo meu uma frase que não sei de quem é, que diz: "é louco sim, esse tempo que até finge", fiquei pensando que o tempo está passando e quem finge são as pessoas. Fingem sim, fingem que seus filhos e filhas estão bem e não estão entrando em coma alcoólico em praça pública aos 12 anos de idade.

Sei que meus irmãos fizeram um planejamento familiar, o que falta em muitos casais e mais ainda no caso de muitas mães solteiras.
Gosto de uma citação, deve ser da orientadora religiosa dela, que diz que há regras que existem porque fazem bem, simplesmente.
Não apenas regras morais, mas as  regras do nosso corpo, respeitando as fases de crescimento como elas devem ser, e isso não está acontecendo com as crianças de hoje.
De coração digo isso agora, pois tive meu direito a minha criancice, que passou longe de ser perfeita, mas houveram momentos gloriosos. Me emocionei com brinquedos simples em Natais, brinquei daquelas brincadeiras de bater palma com a minha irmã, ria demais com os amiguinhos e toda aquela coisa que parece comum, mas é delicioso lembrar!
Não posso querer que as crianças de hoje brinquem com brinquedos de madeira, coisa que nem eu fiz, hoje há tecnologia e ela pode ser benéfica para os infantes, mas não posso me furtar a insatisfação de ver crianças deixando de ser crianças e caindo casa vez mais cedo em ciladas numa cadeia problemáticas de crianças sem pais presentes e mães que , no máximo, tratam as filhas como bonecas, ou primas.

É triste, sim... (2)

Me sintindo um tanto quanto velho e ranzinza nessa terra, achando tudo estranho e alheio ao meu redor. Não parei de andar, mas, por vezes, me perguntando para onde e por que da andança. 
Em busca do que? 
De quem?  
Será que precisamos estar embebidos daquele sentimento que causa até uma certa narcolepsia, chamado amor? 
Gostar da vida que te surra? 
Das topadas que a gente dá com o dedo mínimo nas quinas da vida? Tô em busca de todas essas respostas e de outras que virão. 
Isso poderia ser um pedaço de papel, desses de bar, que as gentes da madrugada usa pra enrolar a maconha quando falta o papel apropriado, jé que sou um ser que foi tragado pelo espírito noturno. As vezes parece que sei me virar melhor à noite, relembrando madrugadas, numa cidadezinha do Uruguai ou emFrancisco Morato. Ambas as madrugadas frias e eu sem dinheiro para retornar ao lar. 
Minha mãe sequer sonha o quanto eu já perambulei, os seres estranhos que já encontrei em terminais rodoviários e BRs desse Brasil.
Fui seguindo, e hoje tenho a sensação de ter andado em circulos, não sei se cheguei em algum lugar e se quando cheguei não percebi que era o tal lugar esperado e continuei andando.
Penso que andei demais quando deveria ter ficado na casa de minha mãe, conversando sobre qualquer coisa, aproveitando e me banhando com as palavras de mãe, que sempre lavam as dores de um filho e o fortalecem assim que as mães se vão. Talvez tenha enxergado beleza demais em quem foi e ainda é espiritualmente feio e desdenhou de minha fé, meu sentimento e meu sonho. Não, não sou perfeito, calma, sei de meus erros, primários, perdoáveis, outros nem tanto.
Não sei se tenho coragem de olhar para trás, para trás estão, além de erros, oportunidades perdidas, estão histórias que quero reviver, também há situações que nunca gostaria de ter vivido e , juntando isso, sigo na trajetória. Relembrando a canção Vivo Andando, de Jair de Oliveira, canção que me diz muito e justamente por me fazer lembrar, me faz forte, ou nesse momento, menos fraco.
Fraqueza impede o corpo de se movimentar, impede a alma de ter fé, impede a busca pelo pão e faz rastejar o que um dia foi um ser humano simples, comum, normal.
Como eu gostaria de ter aquela idade em que o cachorro chamado Timóteo era vivo, de quando os muros tinham apenas um metro de altura e caçávamos grilos na graminha do quintal do bairro Maria Estella Fagá. nessa idade, aprendi a admirar meu irmão mais do que meu pai, aprendi também a desenhar, coisa que abandonei, hoje tudo são lembranças, saudades. Ficou pra trás, eu caminhei.
Poesias, prosas, versos crônicas são nascidas de momentos intensos e tristes, muitas vezes. Fico receoso de escrever, posso tentar escoar o sentimento real e acabar maquiando e modificando as palavras, numa tentativa de eloquência, acabar não dizendo nada-com-nada. A vontade de ser aceito sempre me fez modificar várias atitudes que em sua essência poderiam ter provocado um efeito diferente, talvez até mais proveitoso. Mas não deu, mais uma vez, não deu, o medo da bronca paterna me fazia maquiar o que sentia, acabava em mentira, silêncio e frustração. Fui andando, num caminho errado e olho para trás e não tenho o rastro, a trilha de pão para voltar em busca do socorro... Mas continuo andando, não te preocupes, parar eu não paro...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Rap mudou! (mudou?)

Salve Geral! Pra leitura ficar legal ouça esse clássico Mister Theo - Cerveja

Acompanhando bem de perto a cena do Rap Brasileiro, fiquei intrigado e até mesmo perdido sobre qual meu papel, minha representação nesse segmento musical tão cheio de estereótipos e estigmas, mas que já vive há 40 anos. Calma gente, não sou mestrando em nada, faço Rap e se caso você, leitor, for um mestrando, me peça permissão antes de dar controlc controlv, firmeza? Continuemos:

Intriguei-me, pois comecei a pensar em quando comecei a apenas escutar o Rap. Eu me divertia, criança, observando meu irmão mais velho dançando ao som de Holliday Rap. E segui achando que o Rap fosse apenas divertido, divertido como forma de diversão, de lazer. Até que me deparei com outra lembrança dessa minha época de recém-saído das fraldas, o filme Beat Street, no inovador aparelho doméstico de alta-tecnologia chamado video-cassete, na casa de parentes. Altas cores berrantes nos muros e nas roupas, aquela dança com um quê de briga e um som, para mim, fatalmente instigante.
Em terra brasillis, o que chegou ao meu ouvido em 1987, eu acho, foi o Melô da Lagartixa, do NDee Naldinho, uma cadência  de fácil assimilação, até para crianças. E segui achando, sem saber o que era Rap e o que ele representava, já naquela época, que o Rap era divertido e polivalente.
Eu gostaria de ter nascido até um pouco antes para poder ter absorvido mais toda essa essência em tempo real, digamos.
Mas me lembro que as letras não eram censuradas pelas mães, por isso escutávamos e decorávamos com facilidade. E havia cores. Eu já adorava cores, desenhos, até por isso me entristecia pelo fato da TV que, fora a dificuldade de mudar o canal, era em preto-e-cinza. Tudo bem, me conformava, o Snoopy era branco-e-preto.

Nos anos 90 as cores ficaram mais sóbrias e as letras também. As calças e macacões mudaram visivelmente de largura e ganharam costuras brancas, os coletes com brasões de times da NBA e bonés com placas de ferro. A cobrança de postura saía diretamente das letras e fincava raízes no nosso cotidiano. Ficamos sérios, mini-sisudos, relativamente conscientizados politicamente e etnicamente. Seguíamos a religião do Rap. Tudo o que não fosse Rap era automáticamente descartado. E os anos 90 seguiram assim, com o Rap passando de sisudo para ranzinza e até ufanista, xiita totalmente, abominando os pagodeiros e os sertanejos, praguejando e agredindo fisicamente. Bizarro pensar nisso, o Rap tinha uma briga declarada com o pagode, e os pagodeiros sempre gostaram do Rap.
As bases para as letras foram ficando cada vez mais lentas e enfadonhas, sintetizadores macabros e um discurso que mudou da conscientização politico-etnico-racial para simplesmente ódio. Aqui cabe lembrar o que citei pouco acima, sobre a censura das mães sobre o Rap.
Nessa época caiu sobre nos, os cantores de Rap, e eu já era um deles, o estereótipo de ex-presidiário, ladrão, drogado, pessoa violenta e toda a sorte de pobres-diabos que possa existir no mundo.
Muitas mães, por não querer que o filho escutasse aquele tipo de música, foram ofendidas por seus filhos, tamanha era a fúria implantada por esse ou aquele Rap.
Convém dizer que a culpa não é toda do compositor, mas do ouvinte final também, depende da interpretação da letra e do contexto onde ela é consumida. Pensando bem, culpa é pesado demais, culpado por escrever Rap não existe, mas ponderar é sempre válido. Um produto bem elaborado não dá defeito.

Alguns seguiram acreditando piamente em tudo, outros consumiam Rap americano, era o meu caso. Gerava uma certa polêmica eu ouvir Busta Rhymes num foninho enquanto no carro do mano rolava Rap Brasileiro, mas tudo se tranquilizava quando tocava Tupac. Imagine se essa rapaziada sonhasse que eu escutava Toy Dolls quando pequeno!
As roupas continuavam sóbrias, os grafites e o espírito de combate ao preconceito se tornaram coisas raras na própria vizinhança, apenas em lugares onde o Rap era um elemento da Cultura Hip-Hop, que respeito muito, aliás. Lugares como a Casa do Hip-Hop em Canhema_SP. Fora desses espaços que são venerados pelos amantes do Hip-Hop, o Rap em si é a música do gueto. Mas o termo música do gueto virou lugar-comum, não havia alguém em quadras que explanasse o que o termo e o próprio Rap representavam. Lembrei-me o porque de o Jota ser Ghetto. Foi exatamente nessa época, meio para fim de década.Eu muito fã de Mario Puzzo fui lá nos livros dele saber que ghetto é uma palavra italiana. Gostei daquilo, na minha cabeça Itália era mafia e eu precisava de um vulgo que não fosse tão pala, mas que tivesse essa coisa do gangster.

Se perdeu no texto? Pois é, eu não, fica ligeiro. Estamos nos finalmente dos anos 90, Fim-de-semana no Parque foi substituído por Diário de um detento, Holliday Rap deu lugar a Hit em Up roupas coloridas e de tamanho considerado normal, viraram jacos grandes e calças largas. Acompanhei tudo isso e, exceto quando não muito aceito dentro do próprio Rap, sempre me senti à vontade, afinal eu já era um tijolo dessa construção chamada Rap.

Na primeira década do segundo milênio as coisas foram esfriando, pelo menos no que diz respeito as festas, que antes eram festas e depois tinham aparência de culto religioso. As bases instrumentais super-lentas atravessaram o milênio e o rapper regia a massa vestida de jaco até os joelhos e copos plásticos cheios de conhaque. Nessa época eu perdi a vontade de ir em shows, a minha concepção de festa era outra, havia de ter uma dança, eu pensava. Quando muito era uma roda de B-Boys que dançavam meia hora. Quando muito. Passei a frequentar os pagodes e muito raramente ia aos eventos de Rap, e quando ia, voltava arrependido com cara de  eu-já-sabia. Isso até o meio da década de 2000. Me senti velho lembrando coisas que presenciei 20 anos atrás.

Essa cena, relativamente nova, de rappers duelando trouxe um frescor e me fez lembrar do filme Beat Street, era a batalha voltando, era a essência, era minha infância voltando. E as roupas também voltaram. E coloridas. A estética toda dos anos 80. Percebi outra coisa, classes sociais antes nunca ou quase nunca vistas, ou declaradas amantes de Rap agora frequentavam as festas, as competições de rima de improviso. Não nego, minha primeira reação foi extremamente preconceituosa, depois substituí o preconceito por uma saudade de quem parou de fazer Rap, e eles poderiam estar ali também.
Comecei a pensar que se talvez o Rap nunca tivesse inventado briga com o pagode, soubesse chegar nos pais, assim como chegou nos filhos, talvez esses manos estivessem ali realmente. Hoje vemos a volta do Rap aos top10 da MTV, sendo convidado para programas de entrevistas, atendendo e criando mais público, dando o retorno a quem comprou o cd e a camiseta.
Acho que nem preciso falar o quanto a internet está sendo importante nesse processo todo. E os shows estão por todos os estados do País. Era o que o Rap sempre quis mas não sabia como. Chegou até a ser taxado de pop, emo-rap, errôneamente, o que temos são as novas versões de story tellers (contadores de casos), pessoas falando abertamente sobre seus pontos de vista, deixando aquela hipocrisia do Rap da década de 90 no passado. cantam sobre amor, assim como Marvin Gaye e Stevie Wonder. Deviam ser, por este motivo, respeitados, não crucificados. Unem-se a outros músicos de outros estilos, levando a frente a ideologia de igualdade que Afrikaa Bambaata pregou. É belo de se ver, é um renascimento. Foi-se o tempo em que a chancela para cantar Rap era ter evadido a escola, ou ter passagem pela polícia, hoje vemosrappers graduados, com curso superior.
Alguns termos mudaram também. Bases agora são beats e rappers são MC's. A configuração de palco também mudou, os grupos deram lugares a cantores solo. As roupas estão visivelmente carregadas de informações de moda vindas de outras tribos, motivos nerds e tudo mais.

Comparando essas três décadas eu penso que o Rap em si não mudou tanto, é a fala rimada e ritmada junto com seu DJ ou MPC, mas espero que mude, já que agora ele resolveu olhar para trás e reconstruir toda a tradição que começou nos anos 80, coisa que muitos dos rappers da década de 90 não fizeram muito e por isso, na minha crença, sumiram. Recomeçar é preciso para que a cena mude, tal qual uma cidade devastada por bombas. Meu papel, ainda não sei, mas estou no jogo...



J.Ghetto.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Conheça Flow MC, o Vileiro


O Blog mais legal do mundo bateu um papo com o juíz da Batalaha de MCs do Santa Cruz, morador do Ipiranga, mas antes de tudo, MC e se orgulha de ser chamado de Vileiro, tanto que batizou seu primeiro trabalho solo com esse termo. Conheça Flow MC, o Vileiro. 

A entrevista fica mais legal, com trilha sonora, clique aqui




Há quanto tempo na caminhada do Rap ?

Eu sou fã de Rap desde 1996 quando minhas primas frequentavam o antigo Projeto Radial,
eu tinha apenas 09 anos de idade e não podia colar nas festas, mas podia ver as fitas
que elas gravavam de clips de rap americanos e ficava em casa curtindo e imaginando
um dia ser do jeito que os caras eram. 
Comecei realmente a fazer algo pelo rap em 2005.
Andava de Skate com o Marcello, que todos conhecem como Marcello Gugu hoje , e montamos a Afrika Kidz Crew e o grupo de rap Ultimo Vagão. 
Gravamos nossos primeiros
sons caseiros e tambem começamos a fazer pequenos shows na quebrada, escola e matinês. Depois montamos a Afrika Kidz Crew e logo em seguida a Batalha de MCs do Sta Cruz.
No mesmo ano conheci o Jay-P e lançamos a mixtape Mesclando Rimas, que na época foi
algo invovador cjá que o Jay morou em New Jersey começou fazer rimas lá, portando ele só rimava em ingles então foi um cd inteiro mesclando os dois.

prós e contras do rap naciona, você vê?

Vamos começar falando das coisas ruins .Uma das maiores dificuldades que encontrei no rap foi as pessoas nao serem profissionais , mas hoje em 2011 isso ja esta mudando bastante , mas aquele negocio de não receber cachê ainda acontece. Algumas organizacões nao levam a sério o Rap e não tratam os MCs como artistas, trabalhadores mesmo, isso é ruim cara . 
Questão de evolucão tambem, outro fator, essa coisa de tudo que não for convencional é moda ou pop , isso me segurou demais por escutar mais meu grupo do que minha propria intuição , e as vezes até fans de Rap mesmo ainda não estão com a mente aberta, ainda querem que o Rap continue como nos anos 90 . 
Claro que a essencia temos que respeitar e nunca deixar morrer , mas temos que olhar o Rap como um trampo tambem. 
Aspectos bons no Rap ? A melhoria de todas essas coisas a cima citadas , ver que o hoje o espaço esta ai pra todos que estao dispostos a correr, saca ? 
Hoje o publico que rap que fale de diversao , de causas sociais , amor e tudo o mais e temos variedades de MCs que abordam todos os tipos de tema, isso esta alavancando o Rap para o topo que é seu lugar.
Hoje temos emicida no top 10 MTV . Qual foi a ultima vez que voce viu rap no top 10 ?

Rap underground ou mainstream?

Não sei viu cara, (risos) qual é a melhor opção,  mas sem apoio
é mais dificil...

Apresentação mais emocionante?

Puts Tiveram várias mas a primeira vez ninguem esquece.
Aqui na quebrada ainda ( Ipiranga), 1200 pessoas, quando eu cheguei
mas lotou, tipo, 2000 pessoas. Minha primeira vez com o mic na mão!
Foi tenso mesmo.

A mais engraçada ?

Foi quando fomos rimar aqui no Ipiranga tambem e o dono disse que tinhamos
que cantar black, se cantasse rap ele desligaria o mic.

qual a previsao de lançamento da Mix Tape ?

Então Creio que até Julho No Maximo ela tá saindo pela Som Sujo e Afrika Kidz Crew, espero que as pessoas gostem .

Quais os temas que vc trabalha na composição das letras?

Eu trampo com temas variados, posso falar desde de aparências até músicas de festas , nessa mix tape o nome que dá titulo à parada é VILEIRO, conta mais ou menos como nós, os
vileiros, molecada que gosta de funk , motos , samba , que vive em baile de favela
como nós, gostamos de tudo isso e das coisas boas e ruins de morar em quebrada, esse é o assunto que venho abordando nessa mix tape.
Quero muito que o rap atinja outras classes sociais, quero que eles olhem para essa mix tambem, mas quero que os moleques e as minas da quebrada que estão presos só no funk carioca
se indentifiquem tambem.

Como vc enxerga o público do Rap daqui 05 anos?

Tomara que domine o Brasil todo, que volte a febre rap/hip hop como era nos anos 90, só queria que essa molecada nova soubesse de onde vem o que a gente faz hoje. Tanto eu , como os mcs que estao em alta tambem ja passamos muito perreios pelo rap. Ele tem uma historia a se preservar, ta ligado ? E é isso ai, tambem gostaria muito que o povo da quebrada , que a negrada voltasse a frequentar os bailes de rap , por que muitos deles migraram para o funk , ou samba por falta de entretenimento e hoje a cena esta diferente, mas está divertida! Tem pra todos os gostos !

Você acha que o rap perdeu aceitação na periferia?

É como eu disse né, faltava aquela coisa de entretenimento,  foi ai que o funk entrou em cena, o samba que sempre foi forte tambem, aí cabaram arrebanhando alguns de nossos fãs , pelo fato do rap ter ficado sério até demais, dando consekhos até demais e cada um sabe o que faz, não é uma musica , um mc que vai ditar a voce o que fazer, a gente tem problemas demais pra ficar só escutando mais problemasao em vez de solucões.

Quem tem diferencial no rap nacional hoje?


Ah, cara sou suspeito pra dizer né pois sou mc tambem .
Creio que há varios tipos de Rap hoje em dia. O Emicida que batalhava com a gente lá (na Batalha do Santa Cruz) de sabado, é uma pegada de rap , a Flora Matos é outra pegada , tem o Terceira Safra tambem , e eu que vou chegar com outra pegada tambem, que creio que vai ser diferente.

Como você enxerga a fusao de rap e outros gêneros musicais?

Ah eu acho da hora, a musica Cilada , eu escrevi em cima de um tamborzao,liga ? Beat de funk carioca memo ? Coloquei em cima do rap!
Tenho muita influencia das levada dos cara pq conheço mto funkeiro
e curto tambem, porque nao ? tambem curto Rock, tanto que vai ter um beat na mix tapeque vai ter umas guitarras e, claro, o nosso querido samba né, em breve tenho a meta de gravar a minha musica Desejo também em samba!

Uma pessoa que você gostaria de fazer uma parceria musical?

Vixi cara ai fica dificil eim . tem muitos MCs bons, mas  acho que seria com uma mulher ó, pra dar aquela diferença e tal, uma que bata bem com o meu estilão vileiro de ser (risos),quem sabe ? 

Clique p/ seguir o Flow MC no twitter @Flow_MC